terça-feira, 17 de agosto de 2010

África: Conservacionistas 'atiram em caçadores para matar'

Algumas organizações conservacionistas e de defesa da vida selvagem da África estão adotando uma política de “atirar para matar” contra caçadores para proteger espécies ameaçadas no continente, afirma um estudo conduzido por uma pesquisadora britânica.

Segundo Rosaleen Duffy, professora de Política Internacional da Universidade de Manchester, na Inglaterra, empresas especializadas em segurança e mercenários estão treinando guardas florestais em todo continente africano para que eles possam evitar a presença de caçadores em reservas.

“Como operações militares privadas e também guardas florestais têm a autoridade de atirar em caçadores suspeitos, eles podem atirar primeiro e depois fazer perguntas”, disse Duffy à BBC.

De acordo com a pesquisadora, o crescimento do turismo no continente fez com que a pressão internacional para a preservação de algumas espécies, como gorilas e rinocerontes, aumentasse.

Para ela, isto fez com que alguns grupos conservacionistas passassem a considerar a proteção destes animais como mais importante que a própria vida humana.

Duffy conta que em países como o Zimbábue, a República Democrática do Congo e o Malauí, empresas de segurança privadas foram contratadas para assegurar proteção militar a esses animais.

Caça

Em muitos parques, a caça de subsistência foi proibida e muitas vezes apenas turistas com licença para caça têm permissão para matar animais em safáris.

Isto significa que os habitantes locais estão sendo vistos como uma ameaça à vida selvagem e que devem ser parados a qualquer custo, diz a pesquisadora.

“O que acontece é que os moradores locais ficam com muita raiva, com toda razão, com o fato de algumas pessoas estarem sendo baleadas por serem suspeitos de caça, enquanto na verdade elas estavam pegando um atalho pelo parque ou colhendo grama para fazer palha”, diz.

Embora reconheça que alguns desses caçadores são profissionais fortemente armados, Duffy afirma que esta tática de guerra não é a melhor maneira de proteger as espécies ameaçadas.

Ela acredita que os grupos conservacionistas deveriam trabalhar com os habitantes locais, para que eles possam valorizar os animais que vivem perto de suas casas.

Duffy estuda o tema há 15 anos e os resultados de sua pesquisa farão parte de um livro que será lançado ainda neste mês.

Fonte: BBC Brasil

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