O comportamento dos sapos durante o período de acasalamento pode possibilitar "prever o imprevisível", ou seja, um terremoto, segundo um estudo que deve ser publicado nesta quarta-feira (31), pelos pesquisadores de uma universidade britânica.
Uma "alteração brusca no comportamento" dos sapos comuns machos conhecidos como "Bufo-bufo" foi percebida cinco dias antes do sismo ocorrido na cidade italiana de Áquila, no dia 6 de abril de 2009, de acordo com a equipe que vigiava esses anfíbios em seu local de reprodução.
Os resultados obtidos sugerem que "os sapos comuns Bufo-bufo são capazes de pressentir eventos sísmicos importantes e de adaptar seu comportamento em consequência", disse a bióloga Rachel Grant, da Universidade Open, em Milton Keynes, Reino Unido.
Junto de seu colega Tim Halliday, da Oxford, ela observava por vários dias os animais a 74 quilômetros de Áquila, no momento em que a cidade foi surpreendida pelo terremoto de magnitude de 6,3 graus e que fez 299 vítimas.
Cinco dias antes do tremor, o número de sapos machos presentes no local de reprodução brutalmente reduziu-se em 96%, um comportamento "altamente incomum" para esses anfíbios, segundo o estudo que será publicado no "Journal of Zoology".
"Uma vez que os sapos chegam para se reproduzir, eles ficam habitualmente ativos em grande número no local de reprodução até que o período de acasalamento termine", lembraram Grant e seu colega da Oxford.
Adeus
Nos três dias precedentes ao tremor, o número de casais caiu para zero.
Depois de terem abandonado o local com a proximidade do sismo, os machos retornaram para lá timidamente na lua cheia. Mas eles eram bem menos numerosos que nos anos anteriores: somente 34, contra 67 a 175 sapos contados no passado.
No dia 15 de abril, tendo se passado vários dias após o terremoto e dois dias depois da sua última réplica importante, o número de sapos continuou mais baixo que de costume.
Os pesquisadores confessam que não sabem ao certo "qual sinal ambiental" os sapos captaram com "tanta antecedência". Mas eles destacaram que a baixa das atividades dos anfíbios coincidiu com as "perturbações pré-sísmicas na ionosfera", camada superior da atmosfera onde os gases são ionizados, ou carregados eletricamente.
Essas perturbações detectadas em radiofrequências baixas podem estar ligadas a vazamentos de radônio, gás radioativo que surge do subsolo terrestre, ou às ondas gravitacionais.
Outros animais como elefantes, peixes, serpentes ou lobos também foram estudados no passado à procura de sinais precursores de sismo, sem, entretanto, fornecer dados tão concretos como os dos sapos.
da France Presse, em Paris
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