Na África, a gazela de Thomson, ao ver um leão, reage com um comportamento chamado stotting: pula alto várias vezes, com as pernas rígidas. Quando vi pela primeira vez essa reação, pensei comigo mesmo: "Meu Deus! Isto é suicídio! O leão vai ganhar terreno, por favor, comece a galopar logo!" Na verdade, os leões não querem perder tempo nem energia na perseguição infrutífera de uma gazela rápida e em boas condições físicas; o que procuram é um animal lento e ferido. Quando uma gazela não foge a toda a velocidade ao ver o leão e começa a pular, está mandando uma mensagem que significa: "Tenho confiança em que sou mais rápida do que você e, para provar que não é pura exibição, estou dando esta vantagem e nem assim você vai conseguir me pegar! Portanto, não me persiga. Será perda de tempo e energia!" De fato, os leões não perdem tempo perseguindo uma gazela saudável que reage dessa forma. Eles estão convencidos da honestidade da mensagem: nenhuma gazela lenta poderia se dar ao luxo de conceder vantagem a um leão e sobreviver. Esperam, então, por uma gazela que não ouse pular e fugir em seguida, desesperadamente.
Evidentemente, gazelas e outros animais não fazem esses cálculos de forma racional. Os genes que influenciam o comportamento evoluem mediante seleção natural. As gazelas que dão esses pulinhos salvadores economizavam elas próprias energia e tempo, porque os leões aprenderam que persegui-las é inútil. Com a energia e o tempo economizados, as gazelas podiam conquistar fêmeas ou cuidar de filhotes com mais sucesso.
Veja
Jared Diamond -VEJA edição 1 681 . 27 de dezembro de 2000
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