terça-feira, 7 de setembro de 2010

Grilos ajudam a compor o som ambiente da China

Os animais fazem parte da milenar história chinesa


Na cultura chinesa, os grilos fazem parte de uma paixão que remonta à antiguidade e que até os dias atuais ainda se mantém, e por isso é comum encontrar comerciantes vendendo os insetos, presos delicadamente em jaulas e cujo canto faz parte dos sons tradicionais da cidade.
Grilos dão o tom do clima chinês há milênios

Em Pequim, principalmente na primavera e verão, em certas ruas e parques é possível ouvir o canto dos insetos que procuram fêmeas para acasalamento.

Os grilos estão tão presentes na cultura popular chinesa que inclusive em táxis pode ser escutado seu som, que vem de uma caixa talhada em marfim onde o inseto fica preso.

Nos becos tradicionais que rodeiam a Cidade Proibida, os vendedores oferecem os mais variados tipos de brinquedos, entre os quais destaque para uma semente de plástico, que ao, ao ser aberta, deixa livres dois grilos de dourados, um de frente para o outro. Apenas um canta: o macho. A fêmea observa.

Já durante a dinastia Tang (618-907) as concubinas imperiais prendiam seus grilos em pequenas jaulas de ouro para poder colocá-los ao lado da cama e escutar seu canto durante toda a noite. Um costume que seguiu vivo durante a dinastia Qing (1644-1911).

As brigas de grilos também foram muito populares na China na época do Império, sendo o principal produto comercial de povos inteiros que se dedicavam à criação do inseto.

Atualmente, sua criação e venda continua sendo um negócio no gigante asiático, onde se calcula que cerca de dez milhões de pessoas criam e cultivam os animais de julho a novembro. Há uma década, Tu Huajing, de 46 anos, possui junto a seu marido uma loja especializada em grilos, no mercado de Xin Guan Yuan, onde a maioria dos comerciantes se dedica ao negócio dos grilos.

Huajing disse à agência Efe que, só no último fim de semana, vendeu mais de 100, cujos preços variam entre 100 iuanes (US$ 14) e os 3.000 iuanes (US$ 441, embora possa chegar a até 8.000 iuanes (US$ 1.178) no caso de um bom grilo de luta.

O marido de Huajing está em Ningyang, na província de Shandong, para onde a cada ano viaja na busca dos grilos desta região que, desde os tempos da dinastia Song (960-1279), são considerados "insetos de primeira classe do norte do Yang Tsé". A loja do casal está repleta de utensílios criados única e exclusivamente para o inseto.

Comedouros, bebedouros e até dormitórios dentro de vasilhas especiais para grilos, feitos de pedra, madeira ou vidro. A mais barata custa 100 iuanes e a mais cara, de marfim, 50 mil iuanes (US$ 7.360). Fora do estabelecimento, os clientes sentados em pequenos tamboretes testam a ferocidade dos grilos. Com finos pedaços de madeira, dão pequenos golpes para comprovar se são fortes, rápidos e espertos.

Zang, um homem de 48 anos, casado e com um filho, afirmou à Efe que há três décadas compra grilos, e atualmente tem uns 300 em casa. E garante: o barulho não atrapalha. Com cada grilo, Zang gasta uma média de 200 iuanes (US$ 29).

- Vou os alimentando por um mês, quando começo fazê-los lutar no parque ou em casa.

As brigas de grilos foram uma das primeiras práticas feudais que os comunistas proibiram com o advento da República Popular da China em 1949, por sua relação com o mundo das apostas ilegais. Apesar de as apostas de grilos, e de qualquer outro tipo, serem proibidas na China, seguem sendo praticadas em pontos escondidos das cidades. Regularmente, a imprensa as destaca, e narra a história de algum viciado.(Marta Miera, da EFE)

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