Olinguito, Bassaricyon neblina, é o primeiro encontrado na natureza em 35 anos
Na natureza, em museus ou até mesmo em zoológicos da América do Sul e do Norte, uma espécie passou mais cem anos despercebida. Mas cientistas do Instituto Smithsoniano, em buscas de campo, finalmente conseguiram definir que trata-se de um achado: o olinguito (Bassaricyon neblina), primeiro carnívoro descoberto no Ocidente em 35 anos. A descoberta foi publicada nesta quinta-feira na revista “ZooKeys”.
O olinguito parece resultado de um cruzamento entre um gato doméstico e um ursinho de pelúcia. É o mais recente membro cientificamente documentado da família Procyonidae, da qual fazem parte os guaxinins, quatis, juparás e olingos. O olinguito tem dois quilos, olhos grandes e pelo marrom alaranjado. É nativo de florestas úmidas da Colômbia e do Equador. Além de ser o mais recente membro descrito de sua família, o olinguito também é a mais novo carnívoro do século 21.
‘O mundo ainda não está completamente explorado’
- A descoberta do olinguito nos mostra que o mundo ainda não está completamente explorado, seus segredos ainda não foram revelados - disse Kristofer Helgen, curador do Museu Nacional de História Natural dos EUA e coordenador da equipe que registrou a descoberta. - Se novos carnívoros ainda podem ser encontrados, que outras surpresas nos aguardam? Muitas espécies do mundo ainda não são conhecidas pela ciência. Documentá-las é o primeiro passo para a compreensão de toda a riqueza e diversidade da vida na Terra.
A descoberta de um novo carnívoro, no entanto, não é algo simples. Esta levou uma década, e não era o objetivo original do projeto. A equipe de Helgen queria entender quantas espécies olingo eram reconhecidas e como essas espécies estavam distribuídas, questões que ainda não estavam claras para os cientistas. Inesperadamente, um exame atento de 95% de espécimes de olingo presentes em museus, juntamente com o teste de DNA e análise de dados de campo, revelaram a existência do olinguito, uma espécie não descrita anteriormente.
Descoberto nos Andes
A primeira pista veio dos dentes e do crânio do olinguito, que eram menores e com forma diferente do que os de olingos. Registros de campo mostraram que ele aparecia numa única área do norte da Cordilheira dos Andes, entre cinco mil e nove mil metros acima do nível do mar - elevação muito maior do que a conhecida de espécies de olingo. Esta informação, no entanto, estava vindo de espécimes de olinguito negligenciadas coletadas no início do século 20. A questão de Helgen e sua equipe em seguida foi: o olinguito ainda existe na natureza?
Para responder a essa pergunta, Helgen convidou Roland Kays, diretor do Laboratório de Biodiversidade e Observação da Terra do Museu Natural de Ciências da Carolina do Norte.
- Os dados das antigas espécimes nos deu uma ideia de onde procurá-lo, mas ainda parecia um tiro no escuro - disse Kays.
Expedição rumo ao desconhecido
A confirmação da existência do olinguito veio por meio de alguns segundos de um vídeo granulado feito por Miguel Pinto, um zoólogo no Equador. Em seguida, Helgen e Kays partiram numa expedição em busca do animal e encontraram olinguitos numa floresta nas encostas dos Andes. Passaram dias documentando tudo sobre o animal. Eles notaram que a olinguito é mais ativo à noite, é principalmente um comedor de frutas, raramente sai das árvores e tem um bebê de cada vez.
A equipe também ressaltou que seu habitat está sob forte pressão do desenvolvimento humano. A equipe estima que 42% da área já foram tomadas pela agricultura ou construções.
Embora seja novo para a ciência, o olinguito já é conhecido local. Mesmo sem identidade definida, ele já aparece em amostras de museus há mais de cem anos e até em jardins zoológicos nos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970.
- Este é o primeiro passo - disse Helgen sobre o batismo científico. - É um belo animal, mas sabemos muito pouco sobre ele. Em quantos países vive? O que mais podemos aprender sobre o seu comportamento? O que faremos para assegurar a sua conservação?
oglobo.globo.com
Um estudo sobre uma família de animais carnívoros revelou por acidente a existência de uma nova espécie, descrita como uma "mistura de gato doméstico com urso de pelúcia".
A descoberta dos pesquisadores do Instituto Smithsonian, dos Estados Unidos, é o primeiro registro, em 35 anos, de um novo animal carnívoro no mundo Ocidental, destaca artigo publicado nesta quinta-feira (15) no periódico Zookeys, um dos mais importante de taxonomia do mundo.
Batizado de Olinguito (Bassaricyon neblina), o animal foi descoberto a partir de investigação feita ao longo de dez anos no acervo de diversos museus de história natural sobre a família dos olingos, um clã composto por diversas espécies de animais de hábitos carnívoros e habitantes da copa de árvores.
O intuito original do estudo era mapear as espécies de olingos existentes e ver sua distribuição pelo mundo, mas a equipe foi surpreendida pela descoberta do novo animal, anteriormente registrado por engano como pertencente a outra espécie.
A principio a comparação de registros de diferentes animais da família dos olingos rendeu pistas da existência do Olinguito, cujos dentes e crânio diferiam das outras espécies catalogadas. Posteriormente, exames de DNA comprovaram a suspeita e a existência do animal foi finalmente comprovada e documentada em expedição nas florestas da América Latina.
A descoberta do Olinguito nos mostra que o mundo ainda não foi completamente explorado, com segredos básicos a serem revelados", diz Kristofer Helgen, curador de mamíferos para o Museu de História Natural do Instituto Smithsonian.
"Se novas espécies carnívoras ainda são descobertas, que outras surpresas nos aguardam? São tantas espécies que ainda são desconhecidas para a ciência que documentá-las é o primeiro passo rumo ao entendimento da riqueza e diversidade da vida na Terra."
O time de pesquisadores descreve o Olinguito como sendo próximo das espécies de guaxinim e quati, com peso inferior a 1 quilo, com grandes olhos e pelagem marrom-alaranjada. Ele é habitante de matas cada vez mais ameaçadas pelo homem, especialmente na Colômbia e no Equador, e tem hábitos primordialmente noturnos, alimentando-se basicamente de frutas, mas também de néctar e pequenos insetos. Ao parir, o animal da à luz somente um filhote por gestação.
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